quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O FOGO DO CAJUEIRO é destaque no portal da Secretaria de Estado da Cultura

"Ponto de Cultura produz filme inspirado na história do cangaço em Dores" é o título da matéria publicada hoje no portal da Secretaria de Estado da Cultura, nossa parceira na produção do filme, e reproduzida no www.jornaldacidade.net e na Agência Sergipe de Notícias (www.agencia.se.gov.br).

Veja a matéria completa, que é assinada por Maíra Andrade - da Ascom/Secult - no link
http://www.divirta.se.gov.br/noticias/ponto-de-cultura-produz-filme-inspirado-na-historia-do-cangaco-em-dores

O filme "O Fogo do Cajueiro" é uma produção do Projeto Memórias e da Mandacaru Filmes, com patrocínio do Ministério da Cultura e da Secretaria de Estado da Cultura e apoio cultural da Italo´s, Spaço Ban e Bazar da Arte.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

ISAURA LOPES CLEMENTINO E A HISTÓRIA DO CANGAÇO: parte 1 (de Pernambuco a Sergipe)




No início de 2009, na busca das memórias de N. Sra. das Dores (SE), tive a oportunidade de conhecer a senhora Isaura Lopes Clementino. Estava em busca de memórias do cangaço, capítulo da história nacional e local que ecoa até hoje, mesmo decorridos 73 anos da morte de seu maior ícone (28 de julho de 1938), Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938) - o Lampião, e do início do declínio do movimento.
No auge dos seus quase 100 anos de lucidez e demonstrando forte ligação com o tema, dona Isaura nos relatou, em várias conversas desde então, fatos que elucidam algumas das mais importantes dúvidas que existiam na história do cangaço em terras dorenses, em especial no que diz respeito à relação mantida entre o “rei do cangaço” e o Coronel Vicente Ferreira de Figueiredo Porto (1876-1949), o Figueiredo da Tabúa, do qual o pai da nossa personagem (João Clementino) foi homem da mais alta confiança, confiança atestada pelo saudoso cirurgião dentista Eduardo de Andrade Porto (neto do coronel) em entrevista ao Projeto Memórias no ano de 2006.
Esta pernambucana de Triunfo, que desde os 15 anos reside no município de Dores, nos relatou que a vinda da família Clementino a Sergipe está intimamente relacionada à Lampião, já que o mesmo determinou a João, seu genitor, que desse cabo da vida do vizinho, Pedro Quelé, que havia lhe dado “aborrecimento”. Diante da negativa de João Clementino, justificada pela boa relação que mantinha com o vizinho de propriedade e compadre, o mesmo passou a ser ameaçado de morte por Virgulino, o já temido e afamado Lampião. A decisão de sair de Triunfo para evitar que o cangaceiro desse fim a sua família, a qual Clementino resistiu mas fora aconselhado por um irmão que dava coito a Lampião, veio após o recebimento de uma carta assinada pelo próprio cangaceiro, que em forma de ameaça dava o ultimato: “corre corre minha burrinha, tu corre mais do que eu, vai dizer a João Clementino que o Pedro Quelé morreu”.
Após curto período no estado de Alagoas a família de dona Isaura desembarcou no Cajueiro, N. Sra. das Dores (SE), onde seu pai e seu irmão (Pedro Clementino) se tornaram empregados do Coronel Figueiredo. Foi nessa propriedade que, tempos depois, os Clementinos se veriam novamente envolvidos na história do cangaço.
No fim dos anos 1930, pouco antes da chacina de Angicos, a fazenda Cajueiro foi invadida por um grupo de cangaceiros liderado por José Ribeiro Filho (1913-1981), o Zé Sereno, e desejosos de extorquir dinheiro do Coronel. Diante da negativa, houve serrado tiroteio, que só não resultou na morte de Figueiredo graças à ajuda e coragem de Pedro Clementino.
Continua na próxima edição...

Por João Paulo Araújo de Carvalho (historiador, mestre em História, professor e colaborador do Projeto Memórias) contato: joaopaulohistoria@gmail.com


* Publicado na Revista Perfil. Julho de 2011. e no blog http://www.cangacoemfoco.jex.com.br/historia+do+cangaco/isaura+lopes+clementino+e+a+historia+do+cangaco+parte+1+de+pernambuco+a+sergipe