terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
PROJETO MEMÓRIAS, UMA REFERÊNCIA (por Domingos Pascoal de Melo, membro da ASL e da ADL)
A ADL – Academia Dorense de Letras, seguindo a sua tradição proativa de sempre estar a um passo a frente, traz a lume a sua segunda Antologia histórica e literária e, agora, a cada acadêmico foi solicitado escrever algo relativo que tivesse estreita relação com a cidade de Nossa Senhora das Dores, o que me deixou muito feliz. Feliz e preocupado, pois, embora sendo, para a minha honra e orgulho, um dos felizardos componentes deste seleto grupo que forma este operoso Silogeu, senti-me, naturalmente, por obvio, pobre de conhecimento para cumprir o solicitado. Senão por um movimento cultural e literário que conheci há alguns anos e aprendi a admirar e valorizar, eu pouco conhecia e conheço, ainda, sobre a rica história daquela cidade. Refiro-me ao Memórias Dorenses, ou Projeto Memória: memória, patrimônio e identidade criado em 2003. Em 2010, quando começamos a semear as sementes de academias literárias nos municípios sergipanos, procuramos primeiro esses movimentos, para que, a partir deles, pudéssemos experimentar a construção do ideado. Este era um dos pensamentos do nosso líder Luiz Antônio Barreto, ele acreditava e, estava absolutamente certo, que deveríamos seguir o que aconteceu com a Academia Sergipana de Letras, que foi criada a partir de um movimento denominado Hora Literária. Ainda, segundo nosso mestre, deveríamos encontrar esses movimentos, identificá-los e fortalecê-los se fosse o caso e, também, criar novos, onde não havia e, somente então, sugerir a criação de uma academia. O primeiro a ser encontrado, foi exatamente o Projeto Memória. Outros foram encontrados, porém, às vezes, somente as referencias e ou estavam inativos, sem funcionar. Outros, ainda, foram criados, contudo, por muitas razões, alguns não prosperaram. Na verdade, procurávamos, então, o fio da meada para que pudéssemos colocá-los ou recolocá-los a andar..., só, que aí o nosso líder veio a adoecer e, fatalmente falecer no dia 17 de abril de 2012. Neste diapasão, tivemos que seguir em frente e, foi fazendo um pouquinho diferente, que seguimos, pois já percebíamos que algo de bom estava prestes a acontecer, não dava para saber qual seria o primeiro: Glória, Tobias, Lagarto, Itabaiana ou Laranjeiras. Algo se prenunciava, mas, recomendava calma pois não tínhamos, ainda a cultura de uma primeira academia no interior de Sergipe. Aconteceu, enfim. Chegou a AGL – Academia Gloriense de Letras, ao que parece, sem suporte de nenhum movimento que a antecedesse. O que não retirou, em absoluto, o valor e nem o brilho dos movimentos, mormente, do Projeto Memória, que continuava muito fortalecido e exercendo à plenitude, todas as suas demandas, cumprindo um papel “sui generis” de uma instituição que sabia aonde queria chegar. Até que, o mesmo grupo que o criou em 2003 e o comandava: Professores João Paulo Araújo de Carvalho, Luiz Carlos de Jesus e Manoel Messias Moura, decidiram, em 2014 fundar a ADL – Academia Dorense de Letras. Projeto memórias, continuou e continua a existir. Na apresentação que os autores do Livro: Memória, Patrimônio e Identidade, lançado com o selo do Projeto Memórias, em 2012, eles mostram bem o que representa este movimento para a cidade, a cultura, o resgate e a preservação da memória daquele povo bom e ordeiro de Nossa Senhora das Dores: “...Como, pois, preservarmos nosso patrimônio, construído ao longo de séculos de história, sem que valorizemos a memória? Como construirmos a dorensenidade, ou seja, nossa identidade dorense, sem sabermos quem somos, sem preservarmos nossa memória? E continua: Foi diante destes questionamentos e da necessidade urgente de salvaguardar nosso patrimônio, vítima de décadas de descaso, que nasceu o Projeto Memória (2003), dele o informativo Cultural Memórias Dorenses (2005) e, depois, a Associação “Nossa Senhora das Dores dos Enforcados” (2006), entidade que hoje já conta com o reconhecimento de utilidade publica nas esferas municipais e estadual e é, desde 2010, o único “Ponto de Cultura” do Médio Sertão Sergipano, chancelado pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo Ministério da Cultura por meio da concorrência em edital público e que garante o apoio financeiro a algumas atividades como oficinas, exposição, produção do filme “O Fogo do Cajueiro”, publicações como a deste livro etc.”
Não foi outro, repito, o “Projeto Memória” que conheci em 2010, quando para essa linda cidade, mais uma vez, me dirigi. Dores era, na época, além de Itabaiana, Lagarto, Ribeirópolis e, talvez, mais umas duas ou três cidades de Sergipe que eu já conhecia. Para lá havia ido, não lembro o ano, a convite da minha amiga, Edilce Luciene, então Superintendente da CNEC, na época, para dar uma palestra no Colégio Cenecista Regional Francisco Porto. Porém, naquele ano, 2010, impulsionado pela amizade conquistada, via Infographics, Revista Perfil, professor João Paulo, Ary Pereira, Junior da Perfil..., e, por descobrir, naquela oportunidade, que de Dores também era meu, então confrade da Academia Sergipana de Letras, José Lima Santana, acadêmico por quem já nutria e, nutro ainda, muito respeito e admiração. Foi nesta época que mais feliz fiquei em conhecer o operativo Projeto Memória, instituição que estava diretamente envolvida com a cultura, a literatura, as artes plásticas e o artesanato. Participei de alguns eventos sob a sua chancela e deu para mensurar o quanto ele representava e representa no cenário local. O Projeto Memória foi e é uma referência digna de toda a nossa atenção pelo muito que fez e fará ainda, agora irmanado e fortalecido pela Academia Dorense de Letras, pela cultura, pela literatura, pelas artes, pela memória e história desta cidade e deste povo bom de Nossa Senhora das Dores.
* Texto originalmente publicado na 2ª Antologia Literária da Academia Dorense de Letras (Editora Brasil Casual, 2018, p. 36-36)
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