A Revista Perfil de dezembro de 2011 traz em sua página 51 o texto JUVENTUDE E CIDADANIA: PROJETO MEMÓRIAS DISSEMINANDO CULTURA, do professor, filósofo e mestre em ciências da religião João Everton da Cruz. Confira na íntegra abaixo:
O texto pretende ser apenas um tijolo nessa construção de que uma geração forma a outra. É dever do adulto ou da pessoa mais experiente acompanhar e conduzir o indivíduo que visita o mundo. A Associação de Incentivo a Pesquisa e a Cultura Nossa Senhora das Dores dos Enforcados (Projeto Memórias) vem transmitindo valores culturais vigorosos no meio da juventude dorense. Essa cumpre a função de educar a juventude para além dela. As suas ações culturais marcam presença significativa na vida da comunidade, permitindo que a juventude crie grupos de relacionamento, de compreensão, de acolhida à sombra do Projeto Memórias que dissemina cultura por meio da música, da arte cênica e plástica, da dança e, do incentivo à escrita e a leitura. A base norteadora do Projeto é a formação preventiva da juventude, reduzindo a incidência de problemas causados pelo uso indevido de drogas , pois, ao colocar os jovens dorenses em contato com a arte nas suas mais variadas vertentes, evita que muitos entrem pelo tortuoso caminho do álcool, da maconha, do crack e de outras drogas.
Sabe-se que a juventude é a fase da vida mais marcada por ambivalências, pela convivência contraditória dos elementos de emancipação e de subordinação, sempre em choque e negociação. Nessa direção, é fundamental que o adulto se curve ao aprendiz para conduzi-lo naquilo que é bom para lhe proporcionar condições de um desenvolvimento saudável. O cuidado da juventude para que ele não cause nenhum dano a si mesmo e aos outros, remete à ideia da ética do cuidado .
Deve-se compreender que toda unidade de referência valorativa para a juventude passa necessariamente pelo diálogo. A juventude se transforma em um novo “sujeito de direitos” (NOVAES, 2011, p.55). A formação dos hábitos exige limites que são colocados a partir da disciplina. Essa possibilita ao jovem tornar-se sociável e capaz de se submeter às normas ou transgredi-las, desde que tenha aprendido a necessidade da norma. O exercício da disciplina não pode ocorrer por meio da repressão, porque gera uma cultura da violência. Daí a noção de que o cuidado e disciplina são essenciais para a instrução da juventude, usando a categoria de Kant, uma vez que sem a disciplina torna-se impossível o aprendizado em padrões normais de conhecimento. A disciplina no processo da formação conduz a juventude ao exercício da liberdade e da autonomia e possibilita a experiência da cidadania, que significa a convivência coletiva das pessoas, onde cada um tem a ver com a comunidade.
Surge a pergunta: que juventude queremos construir? Não por acaso, ganhou força a expressão “políticas públicas de juventude”, com a criação do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve, 2005). Já é consenso falar das muitas juventudes que habitam em Nossa Senhora das Dores (SE). A juventude da marginalidade, do roubo, da droga, dos assaltos, da violência armada, da delinqüência.
Há uma sombra de juventude em Dores que ainda vive a esperança de caminhar para um futuro melhor: justo, fraterno e humano. Ações culturais do Projeto Memórias não podem parar porque existe uma juventude que teima em pensar uma comunidade dorense inclusiva e menos preconceituosa. É aí que reside a importância da Associação, como unidade de referência valorativa para a juventude mediante a permanência de projetos de caráter social, participativo e comprometido com a inserção social da juventude dorense.
Para saber mais sobre o Projeto Memórias, acesse o blog: blogdoprojetomemorias.blogspot.com
PARABÉNS PELO BRILHANTE TRABALHO DESENVOLVIDO JUNTO AOS JOVENS.
ResponderExcluirwww.filarmonicalirasantana.blogspot.com